Cientistas encontram lagos sob a superfície de lua de Júpiter
Em um artigo histórico na revista “Nature”, cientistas do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins afirmam ter encontrado evidências de um grande lago abaixo da superfície de Europa. Essa descoberta é um passo imenso na direção de haver vida por lá. Mas não tem vida na Europa?
Europa, neste caso, é uma das quatro luas galileanas de Júpiter. São as quatro maiores luas deste pequeno sistema planetário (não seria exagero dizer que seria até mesmo um “mini Sistema Solar”, pois a maior fonte de energia é mesmo Júpiter) descoberto por Galileu Galilei em 1610. Desde a passagem da sonda Voyager 1 pelo local, em 1979, suspeita-se que Europa possui um imenso lago de água abaixo de uma crosta de gelo em sua superfície. A vida como conhecemos é baseada em água, então um bom ponto de procura por vida alienígena é em locais com água.
Europa seria então um lugar ótimo para iniciar essa procura. Em 1995, a sonda Galileo começou a estudar Júpiter e seu sistema de satélites, especialmente Europa. Para se ter uma ideia da importância desta lua e a possibilidade dela abrigar vida, quando a missão da Galileo se encerrou, a Nasa decidiu jogá-la contra Júpiter para que fosse destruída pela sua gigantesca pressão atmosférica. Isso porque, mesmo seguindo todos os protocolos de descontaminação, ninguém poderia garantir que a sonda Galileo não carregasse micro-organismos que pudessem infectar Europa, caso a sonda se espatifasse sobre sua superfície.
Ainda analisando os dados da Galileo é que a equipe de Britney Schmidt, da Universidade do Texas, parece ter descoberto um mecanismo de fragmentação da crosta de gelo. Isso é de fundamental importância, pois como um lago coberto por uma grossa camada de gelo poderia receber substâncias da superfície que poderiam atuar até mesmo como nutrientes? Se o gelo for muito grosso e não se partir, o lago seria um sistema fechado, sem que material externo pudesse entrar.
A equipe liderada por Schmidt se concentrou em duas regiões circulares em uma imagem da Galileo, que são muito semelhantes a regiões congeladas em glaciares terrestres. Com base na observação da quebra da capa de gelo nessas regiões, a equipe de astrônomos desenvolveu um mecanismo semelhante para Europa.
Composta por quatro etapas, essa teoria prevê não apenas que o gelo se parta, mas mostra também como o material da superfície pode se misturar vigorosamente com o lago abaixo da superfície. Isso garantiria que o lago pudesse receber nutrientes vindo de fora facilitando a presença de vida.
Bom, é um ideia apenas. Uma boa ideia, mas para ter certeza só indo lá. Uma sonda com o objetivo de estudar Europa, eventualmente pousando em sua superfície, foi classificada como alta prioridade pela Nasa e encontra-se em fase de estudos atualmente.
Quente e frio
Segundo os cientistas, os lagos rasos significam que as águas congeladas da superfície podem estar se misturando com as águas quentes mais profundas.
Correntes geladas poderiam estar transferindo nutrientes entre a superfície da lua e as profundezas do oceano subterrâneo.
"Isso pode fazer com que Europa e seu oceano sejam mais habitáveis", diz a pesquisadora Britney Schmidt, da Universidade do Texas, que coordenou o estudo.
Ela analisou imagens de Europa feitas pelo satélite Galileo, lançado em 1989.
Glaciólogos estudam a superfície da Europa há muitos anos, tentando entender o que forma sua superfície sulcada.
"Observando a Antártida, onde nós vemos características similares - geleiras e plataformas de gelo - podemos inferir algo sobre os processos que estão acontecendo em Europa", disse o glaciólogo Martin Siegert, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Os Estados Unidos e os países europeus estão trabalhando em missões para esta e outras luas de Júpiter, que deverão ser lançadas no final desta década ou no início dos anos 2020.
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